sexta-feira, 5 de maio de 2017

Carta Pastoral do Bispo Humberto Maiztegui para 125º Concílio Diocesano

CARTA PASTORAL AO 125º CONCÍLIO DA DIOCESE MERIDIONAL
PARÓQUIA SÃO MATEUS
SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA RS
28 a 30 de Abril de 2017

Tema:
"Caminhemos guiados e guiadas pelo seu poder, o Espírito nos vem fortalecer."
 (Laudate, Canto 28).
Lema:
"Entrega ao SENHOR o teu caminho; nele deposita a tua confiança e Ele fará o mais." 
(Salmo 37.5; versão do LOC)


Estimadas e estimados irmãs e irmãos do Clero e Laicato 
da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, 
reunidas aqui para dar andamento aos trabalhos 
do 125º Concílio da nossa diocese,
Graça e Paz da parte de Deus Nosso Pai Materno
e de Nosso Senhor Jesus Cristo, Palavra Encarnada:

A Comissão de Planejamento Pastoral e Missão, junto comigo, entendeu que nesta reunião conciliar apresentaremos o resultado de nossa primeira tentativa de uma avaliação trienal. Avaliação que corresponde ao Artigo 139 dos Cânones Gerais da IEAB, que determina que:
“Periodicamente, a cada três anos, deverá ser feita a avaliação do desempenho do ministério episcopal e de todo o clero diocesano, conforme regulamentação do concílio diocesano. § 1º - A regulamentação deve ser efetuada no primeiro concilio da diocese reunido após a aprovação destes Cânones Gerais.  § 2º - A avaliação de que trata este artigo, deve ser realizada na primeira reunião conciliar imediatamente posterior à sua regulamentação”.
Sendo que no 124º Concílio aprovamos, além da continuidade de nossos planejamentos comunitários, a metodologia de uma avaliação geral diocesana, que não apenas avalia o ministério episcopal e clerical, mas todo o funcionamento de nossa Diocese. 
A aprovação de novos Cânones Gerais e Constituição realizada no Sínodo Extraordinário Constituinte em 2016, também tornou necessária a compatibilização de nossos Cânones Diocesanos, trabalho feito pela Comissão de Direito Canônico junto com o Bispo, encaminhado para o Clero e Guaridiães(ãs) e apresentada, em primeira instância a este Concílio. Por sua vez, também neste Concílio, escolheremos uma nova delegação para o Sínodo Provincial que acontecerá na Diocese Anglicana de Brasília em Maio de 2018, onde serão rediscutidas questões canônicas pendentes e avaliados os últimos cinco anos de nossa caminhada provincial.
A Conferência de Padronização Financeira e Administrativa (CONFA), que é uma iniciativa exclusiva de nossa diocese, e a CONFELÍDER Diocesana, têm sido instâncias de avaliação e sugestão de novos rumos, apoiando o difícil caminho de sustentabilidade que ainda devemos percorrer e nos equipando melhor para sermos instrumentos da Missão de Deus. 
Tudo nos levou a escolher “O Caminho” (primeiro nome dado a Igreja de Cristo, cf. Atos 9.2) para dar sentido a esta 125ª Reunião Conciliar e a elaborar o tema e lema, a luz da Palavra Revelada de Deus, esperando que, como diz a bênção celta: 

Deus abençoe o caminho pelo qual você vai
Deus abençoe a terra sob seus pés
Deus abençoe seu destino.
Deus seja suave o caminho, abaixo de você,
Deus seja a estrela que lhe guia, acima de você,
Deus seja o olho vigilante, atrás de você
Este dia, esta noite, e para sempre.
Deus esteja com você  no que você passar,
Jesus esteja com você no que você escalar,
Espírito esteja com você onde você ficar.
Deus esteja com você em cada parada e em cada mar,
cada vez que te deitares e cada vez que te levantares,
ao passares pelas ondas ou na crista das ondas, 
em cada passo que darás em tua viagem.
(fonte: http://www.buildfaith.org/wp-content/uploads/2015/05/Celtic-Prayers-for-Traveling.pdf).

Este “Caminho” e a caminhada, nos pertencem, mas, pela Graça e liberdade a nós concedidas, somos nós que decidimos para onde ir! Há duas opções, conforme ensina o Didaquê (Doutrina dos Doze Apóstolos, 140 a 145 depois de Cristo):
(...) o caminho da vida e o caminho da morte.
Há uma grande diferença entre os dois.
Este é o caminho da vida: primeiro,  ama a Deus que te criou; segundo, ama ao teu próximo como a mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.

Caminhar pelo caminho de Deus, pelo caminho de Cristo, pelo caminho para o qual nos impulsiona a ventania do Espírito Santo, é o desafio de nossa vida cristã em todas suas dimensões. Para caminhar precisamos do amor de Deus e do amor mútuo, colocado acima das nossas conveniências e complacências, visando, em tudo, agir com as outras pessoas como gostaríamos que agissem conosco: “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7.2).
Sabemos que aceitar o desafio de caminhar com Deus não é nada fácil. Somos pessoas frágeis, vulneráveis, limitadas, e erramos muito! Enfim, somos pessoas pecadoras! Mas, Deus sabe disso e sempre nos amou e nos ama assim, como somos. Por isso, como disse o canto que motiva nossa 125ª reunião conciliar: “O Espírito nos vêem fortalecer”. Sem isso seria impossível caminhar! Pela mesma razão, como diz o Salmo 37, entregamos a Deus nossos caminhos! Entregamos, não apenas abrindo mão de alguma coisa, mas pela profunda convicção que, se não entregarmos ao Senhor nossos caminhos, não chegaremos a lugar algum! 
Como, então, faremos para entregar a Deus, em Seu Amor, nossos caminhos? O que tenho visto, especialmente nas reuniões de companheirismo das Dioceses da América Latina e Caribe, especialmente na última realizada no Panamá em Novembro de 2016, é que isso se faz com em oração e com propósitos claros e firmes. E que não há outra forma humana, coletiva, transparente, clara e comprometida de fazer isso, que não seja através do planejamento e da avaliação! 
Planejar em oração e comunhão, no firme propósito de sermos instrumentos de Cristo e Seu Reinado no Poder do Espírito! É ter fé na possibilidade de olhar para as nossas fraquezas, para as ameaças que nos amedrontam, e encontrar na Graça de Deus as fortaleças e oportunidades necessárias para assumir a Missão de Deus e viver nossa vida cristã!
Avaliar de forma sincera e aberta, é a melhor forma de buscar em Deus a força, a superação, a capacitação, a comunhão. Não para nos acusar ou julgar de forma egoísta, mas para nos reconhecer e nos ajudar como irmãs e irmãos em Cristo, desafiando-nos mutuamente a sermos melhores como pessoas, melhores comunidades, melhores como igreja local, dentro da Igreja maior.
Não vejo outra forma de caminhar com Deus em unidade e fé. Mas, vejo que ainda temos muitas dificuldades. Vejo que antigas desconfianças contaminam nossas almas, que não conseguimos nos livrar do “tarefismo circular”, de fazer sempre o mesmo. Que leva sempre a nos queixar que as mesmas coisas não dão certo. 
Parece que temos medo de nós. Encontramos desculpas para não nos encontrar com nossos irmãos e irmãs e ouvir o que tem a nos dizer sobre nossas opiniões ou atitudes. Grande parte de nossas comunidades não encontra tempo para avaliar e planejar. Por quê? Aonde nos levam estas opções? Como poderá o Senhor ser nosso caminho se agirmos desse jeito? Quais são nossas prioridades? Não percebemos que estas atitudes desmotivam aquelas pessoas que estão assumiram responsabilidades nesse caminho, a maior parte delas do laicato, e que sentem-se abandonadas por seus irmãos e suas irmãs? 
Não tenho as respostas a estas perguntas, mas sei Deus tem essas respostas. Deus pode falar a cada coração, e transformar cada vida aqui presente, e através destas vidas, também pode transformar nossas comunidades e nossa Diocese como um todo. Neste Concílio haverá mais uma oportunidade. Espero, em Cristo, que aproveitemos bem este momento, e que realmente encontremos na Graça de Deus, a força para entregar nossos caminhos ao Senhor.
Deus tem nos abençoado, amadas irmãs e amados irmãos! Esta bênção vem através de cada um e cada uma de vocês, e de muitas pessoas, algumas que nem são membros da nossa igreja, que tem sido parceiras na ação entre amigos, em promoções, na ajuda ao Lar Alice Kinsolving, e em muitas outras ocasiões. Também pessoas com as quais temos relações profissionais, e que Deus tem usado para nós abençoar. Assim Deus insiste em nos mostrar que não estamos sós! Deus insiste em nos dizer que está conosco em todo momento. Não vemos isso? O que mais nos falta para crer que em Cristo podemos seguir o caminho e levar conosco esta pequena, mas significativa parte de Sua Igreja, a cumprir a Missão que lhe foi encomendada? 
Planejar com fé, avaliar com amor, planejar novamente com ainda mais compromisso e propósito, entregando nossos caminhos ao Senhor. Caminhar unidas e unidos pela fé, acreditando que Deus está ao nosso redor, e nos acompanha no amor de Cristo e no poder do Espírito Santo, em todos os desafios! Seguir este caminho que passa por cada vida, cada família, cada comunidade, por toda a Diocese, por toda nossa Província dentro de nossa Comunhão Anglicana, e nos projeta como Igreja ecumênica, em diálogo interreligioso, em favor deste planeta que é nossa casa comum! Podemos retomar este caminho hoje, nestes dias de Concílio, nas comunidades onde esta carta será lida, em cada lar. 
Que em Deus encontremos a luz que dissipa as trevas do caminho, que em Deus encontremos o amor que supera o medo e a desconfiança, que em Deus encontremos a força e o poder em nossas fraquezas, que em Deus tenhamos a visão, que permite ver além das limitações transitórias e das barreiras preconcebidas. Em Cristo, 
                                 
Dom Humberto Maiztegui Gonçalves
Bispo Diocesano na Diocese Meridional 
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil